Medicina indiana utiliza mais de 500 ervas
Talvez nenhuma outra medicina use tanto as plantas como a medicina tradicional indiana, conhecida como ayurveda, a ciência da vida. Muitos vão buscar tratamento na cidade indiana de Pune.
Logo fomos apresentados ao amalaki. Parece uma ameixa, mas não tem no Brasil. É muito valorizado na ayurveda por ter cinco sabores em uma só fruta: é doce, amargo, azedo, apimentado e adstringente. Só não é salgado.
Mas no mercado de Pune é possível encontrar produtos bem conhecidos dos brasileiros. Um produto que tem muito no Brasil, o gengibre, é da maior importância na medicina ayurveda.
“Quando cozinhamos os legumes, usamos gengibre. Ele digere as toxinas no corpo e age contra as doenças respiratórias, como a sinusite”.
A doutora explica que a hortelã age contra o que a medicina indiana chama de vata, a força do ar: reduz dores e gases abdominais e por isso acompanha bem as comidas mais pesadas.
Seguimos nossa busca pelo mercado de Pune.
“O abacaxi é ótimo para melhorar o tecido sanguíneo, mais especificamente o plasma. E é ótimo também para eliminar vermes e lombrigas. Então, mesmo como medida preventiva, de vez em quando deve-se comer abacaxi”.
As cenouras, que na Índia são avermelhadas, são usadas nos doces.
“A goiaba tem uma propriedade adstringente também. Tudo o que é adstringente fecha as glândulas salivares. Então, paramos de ter vontade de comer mais. Por isso, é ótima para depois das refeições”.
Feitas as compras, fomos para a casa, e Enquanto elas preparavam o almoço, fomos conhecer os alimentos mais importantes para a ayurveda, que ajudam a conseguir uma saúde perfeita. Podem ser consumidos por qualquer tipo de pessoa, em qualquer estação.
O arroz, cultivado em 60 dias, deve ser consumido um ano depois da colheita. Feijão mungo, um tipo de feijão verde, comum na Ásia, é de fácil digestão. E também passas pretas, mel, romã, abóbora – que no Nordeste tem o nome indígena de jerimum – e amalaki – a fruta dos cinco sabores, único desses alimentos que não tem similar no Brasil.
“Ela é rejuvenescedora. Mesmo cozida e seca, não perde a vitamina C. E tem cem vezes mais vitamina C que a laranja”.
Depois, sobre folhas de bananeira, foram servindo a refeição. Um pouco de sal, limão, uma pasta de pimenta, romã, pão indiano. Mais uma vez, sabores variados.
Na Índia, a refeição começa pela sobremesa. E tem que ser com a mão direita. No início da refeição, o doce tira a fome mais intensa. Mas tem ainda algo curioso: soro de leite de uma vaca feliz. É isso mesmo: os indianos dizem que, para o leite ser bom, a vaca tem que viver solta, nos campos e nunca confinada.
Espinafre com queijo branco, arroz com um pouco de manteiga cozida em cima e batata com gengibre, alho, pimenta e coentro.
“É uma refeição completa para uma pessoa ativa. Ela tem todos os seis gostos, é equilibrada. Você não come apenas arroz, não come só trigo, ou apenas comida crua. Não aconselhamos isso. Um pouco de cada coisa é bom para o seu corpo”Para quem está acostumado a comer carne é um pouco difícil. Mas uma recomendação da medicina indiana serve para todos: sempre que der, deixe de lado as comidas prontas.
“Cozinhe só o que você precisa e coma em seguida. Este é o mantra da saúde”
Pimenta emagrece e reduz o colesterol
Fruto reúne uma série de medicamentos naturais: analgésico, antiinflamatório, xarope e vitaminas.
“Dizem que é bom para a saúde. Graças a Deus, até hoje nunca tive problema nenhum”, .
Na casa dele, é acompanhamento para todos os pratos. Para usar como tempero, a agricultora Leni Nörnberg dá a receita: “Coloco vinagre, depois dou uma sacudidinha e deixo curtindo durante um dia ou dois. É bem fácil. Dá para botar em qualquer comida”.
De acordo com especialistas em saúde, o hábito da família deve ser repetido em todas as mesas. Os benefícios da pimenta são conhecidos há muito tempo. Nas Américas, o fruto já era usado até para aliviar dor de dente e de estômago. Isso há pelo menos dois mil anos.
Quem coloca a pimenta no dia-dia está levando, além de tempero, uma série de medicamentos naturais: analgésico, antiinflamatório, xarope, vitaminas – benefícios que os povos primitivos descobriram há milhares de anos que agora estão sendo comprovados pela ciência.
Em outras palavras: menor risco de enfartes. O que reduziu quase pela metade a gordura do sangue nos ratinhos foi a capsaicina, o princípio ativo da pimenta, que dá a ela o gosto ardido.
“É esse princípio ativo que faz com que a pimenta seja benéfica à saúde. Então, quanto mais picante mais capsiacina. E quanto mais capsiacina mais benefícios com o consumo da pimenta”.
A capsaicina atua em várias áreas do corpo: alivia dores de cabeça, controla os níveis de glicose no sangue, aumenta a capacidade pulmonar e ajuda no tratamento da rinite alérgica. É até um aliado para quem quer entrar em forma.
“É uma substância estimulante do metabolismo. A pessoa passa a gastar mais calor através do que come. Então, isso ajuda na obesidade. Ela só vai se beneficiar com um ingrediente natural”.
“Hoje transformamos a pimenta ‘in natura’ em vários pratos: em conservas, molhos, azeites, geléias, bombons, trufas, chocolate. Um mundo com pimenta”, .
A receita que mais vende é a da geléia, criada com o auxílio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) para conquistar o paladar até de quem não gosta do sabor ardido da pimenta. É feita com o fruto “in natura”, bem do jeito que os médicos recomendam.
A pimenta vai ao fogo misturada com açúcar, água, ácido cítrico e pectina, uma mistura que, no início, que não acreditavamos que daria certo.
“Não vou mentir, tínhamos uma pequena dúvida. Me surpreendeu muito porque enquanto eu vendo cem vidros de geléia com pimenta transformada, vendo dez de morango sem pimenta. A pimenta fez um sucesso”.
“É meio forte, mas é gostoso. Senti a pimenta”,
“Eu não senti muito. É natural, um docinho gostoso. Mas bem no finzinho sentimos um pouquinho”.
“Ela acentua o paladar, mas é saborosa”.
“Me surpreendi, porque pimenta geralmente é forte. E essa bem gostosa”,.
Prepare receitas com especiarias
CHÁ DE ESPECIARIAS
Misture erva-doce, pedaços de canela em pau e semente de mostarda em quantidades iguais. Você pode fazer a quantidade que quiser e guardar para outros dias. Depois, para uma xícara, use uma colher de chá da mistura.
Importante: a água não deve ferver. Retire a água do fogo quando surgirem as primeiras bolhinhas da fervura (cerca de 92ºC). Deixe em infusão por três minutos e aproveite.
TEMPERO
Ingredientes:
1 maço de sálvia
1 alho-poró
aipo
4 cabeças de alho
1 cebola
1 pimentão vermelho
alfavaca
hortelã
pimenta
alecrim
manjerona
óleo, azeite de oliva ou água para misturar
Modo de Fazer:
Ponha o alho no liquidificador. Para ajudar a bater, use um pouco de óleo, azeite de oliva, ou água. Depois, vá acrescentando os temperos, um a um, até que obter uma mistura homogênea. Em seguida, adicione uma xícara de sal, que ajuda a conservar a mistura.
GELEIA DE PIMENTA
Ingredientes:
2 quilos de açúcar
2,5 litros de água
150g de pimenta dedo-de-moça sem sementes
10g de ácido cítrico
13g de pectina
Modo de Fazer:
Coloque a água em uma panela. Acrescente o açúcar, separando um pouco para ser misturado depois com a pectina. Adicione a pimenta, que deve ser batida no liquidificador com um pouco de água antes de ir para a panela. Acenda o fogo e mexa. Depois coloque a pectina misturada ao açúcar que ficou separado. Por fim, acrescente o ácido cítrico. Deixe ferver por 40 minutos. Está pronto.
PIMENTA NO VINAGRE (receita de Leni Nörnberg)
A receita é ideal para quem gosta de pimenta mais fraca e deve ser feita com o fruto fresco. Pegue um vidro para acondicionar a pimenta e esterilize (escalde com água quente). Em seguida, coloque nacos de pimenta sem sementes. Colorida fica melhor. Cubra com vinagre. Se preferir mais forte, utilize pimenta seca e cubra com azeite.